Eden Magalhães e Antônia de Mello
com D. Erwin Kräutler
 Alegria e Pólvora
Em Estocolmo, no Parlamento da Suecia, realizou-se, no dia 6 de dezembro 2010, a 31ª entrega do Prêmio Nobel Alternativo (31st Right Livelihood Award Ceremony). Na cerimônia, deputados desse Parlamento apresentaram os candidatos ao público e se manifestaram simpáticos para causa dos premiados. Em seus discursos, os homenageados (ver postagens anteriores) pronunciaram mensagens muito idênticas em torno das grandes causas do mundo e do sofrimento dos seus povos:
- Ruchama Marton, de Israel, declarou que não é suficiente combater o machismo. Precisa mudar o mundo para mudar a discriminação das mulheres.
- Shree Krishna Upadhaya, de Nepal, ao finalizar a sua fala, citou Nelson Mandela: “A superação da pobreza não é um ato de caridade, mas um ato de justiça”.
- O Nigeriano Nnimmo Bassey se apresentou: “Eu estou diante de vocês não por uma causa individual, mas como um representante do povo sofrido nos campos de petróleo da Nigéria [...]. É claro, que para os níveis atuais da extração de petróleo, da acumulação e do consumo, a ética deve ser revisada e a impunidade deve ser destronada. [...] É a coragem das comunidades sofridas e dos povos resistentes contra a extração destrutiva que sustentam a nossa luta”.

Paulo Suess e D. Anders Arborelius
 - D. Erwin Kräutler, presidente do Cimi e bispo do Xingu, lembrou em seu discurso os assassinatos da Ir. Dorothy Stang (2005) e de Ademir Alfeu Federicci, o Dema, ambos vítimas de uma ocupação fraudulenta das terras da Amazônia; ambos voz de pequenos agricultores sem voz. D. Erwin denunciou a impunidade dos crimes, apontou para os prejuízos apocalípticos de Belo Monte, lembrou o tráfego de menores, chamou à atenção para a situação insustentável dos Guarani-Kaiowá, do MS, e para a destruição da Amazônia.
Leia o discurso de Dom Erwin Kräutler, proferido no dia 6 de dezembro de 2010, pela ocasião da entrega do Prêmio Right Livelihood 2010, em Estocolmo, Suécia:
(Foto acima: No Metrô, conversando com o arcebispo de Estocolmo sobre a situação dos Sámi)


Protesto dos Sámi na Finlândia

Família Sámi

No dia 7 de dezembro participamos (Eden e eu) de uma pequena recepção na Embaixada da Áustria, em Estocolmo. Ao meu lado, o único bispo católico da Suécia, o carmelita Anders Arborelius, responsável pela imensa diáspora de um país. Perguntado sobre eventuais conflitos étnicos em seu país, ele me fala dos conflitos com os Sámi (Samit, Samek). Os Sámi são uma minoria indígena transnacional de umas 40 mil pessoas. Vivem na Finlândia, Noruega e Suécia. Sofrem pela redução dos seus territórios, pela exploração de suas águas e minérios.

Bandeira Sámi

Desde 1956 existe um Conselho Sámi Nórdico que articula reações coletivas contra os três estados nacionais que ocupam hoje seus territórios. Suécia não assinou a Convenção 169, da ONU. Nenhum partido os defende, nem a simpática Rainha os afaga. Contradições de um país, no qual agradecemos o Prêmio Nobel da Paz ao inventor da pólvora.
[P.S., 8.12.2010]

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