Curso Base I e II do Cimi


No retrovisor do chargista:
Missionários Fórmula 1
“A formação de missionários e missionárias parte da prática exercida com os povos indígenas. [...] O Cimi criou o Curso de Formação Básica, em que os missionários e as missionárias, que iniciam seus serviços aos povos indígenas, têm a oportunidade de partilhar as suas experiências a partir de diferentes perspectivas: da teologia, da antropologia, da história, do direito e da política indigenista do Estado brasileiro.”
(Plano Pastoral do Cimi, n. 124, 127)

Fim de janeiro de 2011. Terminaram os dois Cursos de Formação Básica do Cimi. Os participantes que vieram das áreas trouxeram diversas perguntas, vontade de acertar e muita alegria jovial.
A realidade da causa indígena está atravessada pelos desafios do capitalismo: acumulação, consumismo e aceleração, acumulação das terras e do capital, consumismo insustentável e aceleração da produção. A análise das práticas missionárias mostrou que nossas bases são afetadas, sobretudo, pela aceleração: pouco tempo para ficar nas áreas e escassas visitas por conta do número reduzido de pessoas nos Regionais do Cimi, além de pouco conhecimento das línguas indígenas. Cunhamos a sigla do “Missionário Fórmula 1” que faz apenas um pequeno pit-stop nas aldeias. O nosso chargista Frei Ulysses, da área dos Mundurucu, Pará, captou a ideia. Fala da própria experiência.

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Missionária relaxada 



Lembretes do Curso Base – 2011 

- A pastoral indígena se situa na contramão do sistema. Por isso, está sempre envolvida em conflitos com a ordem vigente.
- Nossa missão ganha sentido e se torna relevante a partir da capacidade de romper com o sistema que oprime e exclui.

- Nossa pastoral visa transformações estruturais e pessoais que podem acontecer a cada dia.

- O Evangelho é areia na máquina do sistema, não óleo.

- Missão é um processo de libertação e de contemplação.

- A missão é uma opção de vida, não um emprego.

- A utopia não está no fim da caminhada. A utopia se revela no caminho através de novas relações.

- Nossa luta é uma luta pela realização da utopia indígena configurada na utopia do Reino.
- A nossa fé nos faz livres e responsáveis.

- Quebrar tabus em benefícios dos mais fracos faz parte de um processo histórico.

- Não há convivência sem intervenção.

- Plantando dá, não plantando dão?

- As alianças estão prefiguradas na aliança de Deus com a humanidade. As parcerias visam lucro e vantagem. As alianças são com Deus, as parcerias com o diabo. Com aliados temos afinidades ideológicas, com parceiros temos apenas afinidades funcionais.

- Inculturação significa trabalhar com o culturalmente disponível.

- Estar presente na missão de forma inculturada significa deixar as sandálias do lado de fora.

- A maneira de viver a temporalidade é cultural. Convivemos com tempos diferentes. Precisamos descobrir e reconhecer o tempo do outro.

- Cada pessoa constrói sua cultura a partir de seu nascimento. Permanecemos a vida inteira seres em construção.

- Toda religião tem suas contradições.

- A vida é um eterno convite a viver contradições. As trevas podem se tornar uma porta para o conhecimento, a luz e o crescimento.

- Nossa ação missionária visa a gratuidade.

- Reafirmar nosso compromisso com os Povos Indígenas significa respeitar sua alteridade e autonomia.

- Nós somos assessores dos Povos Indígenas, não seus protagonistas.

- São os índios que nos resgatam e não somos nós que resgatamos os índios.
Paulo Suess - 30/01/11

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