PASTOR, TESTEMUNHA, MÁRTIR

Memória do XXXI. aniversário
do assasinato de Dom Oscar Romero

“Que este corpo imolado e este sangue sacrificado pelos homens nos alimentem, para que, como Cristo, também saibamos dar nosso corpo e nosso sangue no sofrimento e na dor, não por nós mesmos, mas para trazer justiça e paz para o nosso povo”. Poucos segundos depois de ter pronunciado essas palavras, na capela do Hospital da Divina Providencia de San Salvador, em sua homilia, no dia 24 de março de 1980, soou o disparo mortal. Ao preparar pão e vinho para a celebração eucarística, Dom Romero caiu sobre o altar e expirou sua vida no chão. Anoitecer em El Salvador.
No enterro, presença solidária dos pobres e de bispos amigos do mundo inteiro, menos de El Salvador. Dos seis bispos de um país onde todos são vizinhos por causa do seu tamanho de um município (21.042 km ²), na época com uma população de seis milhões, só Msgr. Rivera y Damas estava presente. A opção pelos pobres, pelo povo do campo sem terra, pelos migrantes para as grandes cidades e pelos povos indígenas despejados de suas terras delineava o novo rosto de uma Igreja Povo de Deus, como o Concílio preconizava (Lumen gentium, 9-17). Romero pertenceu a um setor significativo da Igreja latino-americana, que começou a acreditar no Deus dos pobres e em Deus nos pobres.
Em suas homilias dominicais transmitidas pela Rádio, Romero defendeu os pobres, denunciava os assassinatos, desmascarava os mentirosos, rompeu com as forças militares que tramavam a sua morte como articulavam, nove anos mais tarde, a morte dos seis jesuítas e das duas mulheres a serviço da Universidade Católica Salvadorenha. Romero foi nomeado Bispo da Arquidiocese de San Salvador em 3 de fevereiro de 1977. Pelo parlamento inglês, foi indicado como candidato ao Prêmio Nobel da Paz de 1979. “Perdeu” o prêmio de Estocolmo contra Teresa de Calcutá como perdeu a canonização por causa de seu martírio contra Escrivá de Balaguer, o fundador do Opus Dei. Depois de três anos de vida pública, em São Salvador, Oscar Romero foi sacrificado, como o divino mestre.
Os guardas de seu sepulcro na cripta da catedral não impediram a ressurreição de Romero, que vive no coração do povo.
(P.S. 24.3.2011)

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