RESTABELECER O BOM SENSO: COMUNHÃO E PARTICIPAÇÃO

Fraternidade e Saúde Pública – Um Sonho


Para escolher o Cartaz da Campanha da Fraternidade 2012, a CNBB pediu a opinião da comunidade “Nossa Senhora da Saúde”, que vive bem na periferia de Brasília. Segundo a sua opinião, prezado leitor, qual é o cartaz que a comunidade escolheu porque reflete melhor a fraternidade?













David Harvey em São Paulo e Rio de Janeiro




David Harvey faz conferências em São Paulo e no Rio de Janeiro. Harvey é um dos marxistas mais influentes da atualidade e um apoiador engajado do movimento Occupy. O geógrafo britânico David Harvey veio ao Brasil a convite da Boitempo Editorial. Sua palestra de hoje (27.2.) num auditório superlotado da PUC/SP sobre "O enigma do capital e as crises do capitalismo" foi um espetáculo de conhecimento, simplicidade e didática. São três dias de eventos em universidades de São Paulo e do Rio de Janeiro: na segunda-feira, dia 27/02, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) recebeu Harvey no Teatro TUCA; na terça-feira, dia 28/02, é a vez da Universidade de São Paulo (FAU-USP); e na quarta-feira, dia 29/02, o autor marxista se apresenta na Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ).




Harvey é um geógrafo britânico reconhecido internacionalmente. Estudou a relação entre as crises financeiras e urbanas. Em entrevista ao jornal Página/12, ele sustenta que a sucessão de crises no sistema é alimentada, entre outras coisas, por uma febre da construção que, por sua vez, provoca crise no capitalismo em sua atual etapa hegemonizada pelas finanças. Harvey defende ainda que existe uma estreita relação entre urbanização e formação das crises. Além dos Estados Unidos, cita como exemplo a Grécia e a Espanha. Parte da explicação da crise nestes países, defende o geógrafo, está vinculado a péssimos investimentos em infraestrutura.
Enquanto alguns especialistas se esmeram em alegar que crise atual é uma crise das hipotecas subprime ou é o estouro de um capitalismo que se financeirizou demais, David Harvey prefere falar de “crises urbanas”, provocadas por uma febre da construção “sem importar o quê”. Autor de “Breve história do neoliberalismo”, Harvey não só acusa a desregulação do setor financeiro como um dos fatores que levaram ao descalabro atual, mas adverte que a supremacia do capital concentrado sobre as decisões políticas seguirá sendo um impedimento para sair da crise.



STF abre ação penal contra senador acusado de trabalho escravo em fazenda no Pará

João Ribeiro: ação tramita desde 2010, quando era deputado



O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (23.2.2012), por 7 votos a 3, abrir ação penal contra o senador João Ribeiro (PR-TO) para apurar se ele tratou como escravos 35 trabalhadores de sua propriedade, a Fazenda Ouro Verde, localizada no interior do Pará. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a situação foi constatada entre janeiro e fevereiro de 2004, quando o político era deputado federal.

De acordo com a denúncia, os trabalhadores estavam em condições subumanas de trabalho e acomodação, sem sanitários ou água potável para beber, com jornadas que podiam chegar a 12 horas diárias. Os auditores do trabalho também constataram que as compras de alimentos e de material de trabalho eram descontadas dos salários, criando uma dívida impossível de ser paga. Em sua defesa, Ribeiro disse que nenhum empregado era proibido de sair da fazenda e que jamais sofreu qualquer espécie de coação ou ameaça.

O julgamento havia começado em 2010, com o voto da relatora Ellen Gracie, hoje aposentada, favorável à abertura da ação penal. Foi interrompido por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, que devolveu o processo para julgamento. Nesta quinta-feira, Gilmar Mendes votou pela inocência de Ribeiro. “Se for dada à vítima a liberdade de abandonar o trabalho, rejeitar as condições supostamente degradantes, não é razoável pensar em crime de redução à condição análoga ao trabalho escravo”.

O Ministro Gilmar Mendes, que
votou pela inocência de Ribeiro,
também é fazendeiro


Acompanharam o entendimento de Mendes os ministros Antonio Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello, alegando que a situação dos empregados era apenas degradante, e não semelhante à escravidão. O presidente do STF, Cezar Peluso, aceitou apenas a denúncia para apurar se houve tratamento de empregados como escravos. A denúncia também acusa os crimes de aliciamento fraudulento de trabalhadores e frustração de direito assegurado na legislação trabalhista.
O senador também responde a outra ação penal por peculato no STF e está sendo investigado em dois inquéritos – um para apurar crime de estelionato e outro relativo a crimes contra o meio ambiente.
Fonte: Agência Brasil



Travessia com esperança


1. Memória

O pequeno Juriti tornou-se
o totem da grande Juruti
 
        Depois de 40 anos estou novamente em Juruti/PA onde era pároco de 1967 até 1974. Juruti era uma aldeia dos Mundurucu e tem hoje o nome de um Juriti (pequeno pássaro). Nessa Juruti, desde 1938 definitivamente município e paróquia, nos últimos anos foram encontradas grandes jazidas de bauxita, matéria prima para o alumínio. A Alcoa (Aluminium Company of America) explora essa Bauxita. No ano 2010, 2,6 milhões de toneladas de bauxita foram embarcadas para a Alumar (MA), consórcio de Alumínio do Maranhão, um dos maiores complexos de produção de alumínio primário do mundo. Com a meta de 3,8 milhões de toneladas de exploração anual, a jazida de bauxita jurutiense vai fornecer bauxita por mais de 70 anos.
    
Transporte de bauxita ao porto de Juruti
   O povo local que viu seu solo penhorado pela Alcoa organizou uma luta feroz por sua participação no lucro da empresa, por compensações e mitigações. Um pacato município de 18.684 habitantes, em 1970, dobrou sua população até 2006, ampliou sua infraestrutura e vive do fascínio e temor do progresso. Juruti é um bom exemplo da crescente desindustrialização da economia brasileira. Assiste-se ao crescimento da economia baseada em produtos primários, a denominada commoditização ou ainda reprimarização da economia, com o avanço do agronegócio e da mineração. A pauta brasileira de exportações é feita, sobretudo, de produtos básicos, de commodities e mercadorias de baixa tecnologia, por outro lado, cresce a pauta de importação de bens manufaturados. A desindustrialização precariza o mercado de trabalho, porque os melhores salários encontram-se na indústria de bens manufaturados. Trabalhadores qualificados, a Alcoa traz de fora.
Luta organizada pelos direitos na frente da Matriz
      Hoje estou de passagem nessa Juruti para falar a padres diocesanos alemães, que trabalham no Brasil, sobre a “Opção pelos Pobres”. A Encíclica Fidei Donum (1957), de Pio XII, lembrou os bispos católicos de sua responsabilidade missionária universal. Na época, com 19 anos de idade, não imaginava que dez anos mais tarde estaria como padre diocesano no coração da Amazônia. Os heróis da minha juventude eram Albert Schweitzer e Mahatma Gandhi, médico no hospital de Lambarene, na costa ocidental da África, teólogo e Prémio Nobel da Paz (1953), e Gandhi, o libertador pacífico da Índia, o Davi que venceu o Golias colonizador.
     Durante o concílio Vaticano II (1962-1965) terminei meus estudos de teologia na Universidade de Munique, uma teologia distante da realidade social do mundo e segura de si mesma. Depois do Concílio, que superou a proposta missionária tradicional de "rezar e fazer coletas para salvar as almas de pagãos", a Igreja particular assumiu uma responsabilidade missionária mais ampla. Poucos meses depois da minha ordenação sacerdotal, em novembro de 1964, Dom Floriano Loewenau, bispo-prelado de Óbidos, no Baixo Amazonas, acerta com meu bispo de Augsburg, Joseph Stimpfle, minha liberação para a Amazônia Brasileira. Na conversa a dois, Dom Floriano foi muito pragmático. "Eu vou lhe dar a paróquia de Juruti, 10 mil km2, 20 mil habitantes. Seria bom vir com mais um ou dois colegas. Também um médico poderia desenvolver um bom trabalho. No município de Juruti não tem médico, nem água encanada, nem luz elétrica. Você será o primeiro não franciscano na Prelazia de Óbidos que abrange uns 200 mil km2. Somos apenas dez padres, alguns já bastante idosos." 
Da. Valmira, antigamente
lavadeira da casa paroquial
A conversa com o bispo e a perspectiva de articular missão e desenvolvimento, o trabalho de leigos/leigas e sacerdotes e o entrosamento da diocese que envia com a diocese que acolhe, me deixaram bastante animado. Procurei logo constituir uma equipe, segundo a orientação do bispo.

2. Envio

   No dia 23 de setembro de 1966, o bispo de Augsburg enviou-nos canonicamente à missão: uma enfermeira e dois sacerdotes. No dia 10 de outubro chegamos com o cargueiro "Liebenstein" em Belém do Pará. Após alguns meses de aprendizado do português, a partir de fevereiro de 1967 estávamos em Juruti, na beira do rio Amazonas, uns mil km de sua foz. Chegamos de longe – Martha, a enfermeira, Pedro, o colega de seminário e eu - e sem conhecimento profundo da história e da cultura do país e da região que seria o nosso campo pastoral para os próximos anos. Aprendi de novo a fazer perguntas, ter dúvidas e conviver com elas. O diálogo com as culturas nos revela que a cada pergunta, que a vida faz, existem múltiplas respostas. A passagem de uma teologia de respostas para uma teologia de perguntas configura um tremendo "choque cultural". Aprendi que o binômio "missão e desenvolvimento" não rompe com a visão nem com a prática colonial de 500 anos. Era fácil conseguir para o "nosso" desenvolvimento o aval do povo, que encontrou os modelos de seu progresso na cidade mais próxima. 
Da. Teó com 98 anos
Éramos aplaudidos com as construções que levantávamos sem cessar: ambulatórios, escolas, capelas, casas, centros sociais. Os remédios da nossa enfermeira foram considerados milagrosos. Fizemos semanas catequéticas e cursos para enfermeiras leigas, abrimos novos núcleos de evangelização e as sacristias se tornaram pequenos postos de saúde. 

A enfermeira salvou muitas vidas, a escola
Da. Júlia, a grande enfer-
meira dos anos 70, hoje
praticamente cega
paroquial alfabetizou muitas crianças e celebramos muitas missas. Batizamos anualmente até 800 crianças. Na Amazônia tudo é imenso e fugaz. Mais tarde eu compreenderia que o paradigma "missão e desenvolvimento" é insustentável sem o binômio "libertação e inculturação". A "libertação" reflete a inserção macroestrutural da missão e a "inculturação" prioriza a dimensão sociocultural de todas as atividades e a continuidade das atividades missionárias pelos agentes locais. Quando continuei a minha travessia por Manaus (Cenesc), Brasília (Cimi) e São Paulo (Fai/Itesp), deixei o padre Afonso Blumenfeld e as Irmãs Franciscanas de Maristela em Juruti, Até hoje deram continuidade ao trabalho pastoral iniciado pelos franciscanos.

3. Passagem
               
2011: Carnaval do Movimento
 Carismático Católico
       Hoje, o bispo de Óbidos é o franciscano Dom Bernardo Bahlmann, com quem convivi oito anos no convento São Francisco de São Paulo. Em Juruti continua o servo fiel padre Afonso Blumenfeld com seus companheiros, os padres Fernando, Manuel e o pároco, o padre Rodeney, da Arquidiocese Juiz de Fora (MG), Igreja Irmã da Diocese de Óbidos. Alguns dados estatísticos compilados pela FGV, na base dos respectivos censos do IBGE, apontam para os desafios da nova realidade jurutiense:
- os 18.684 habitantes de 1970 tornaram-se 47.086 habitantes em 2010;
- mais de 50% da população tem entre 0 e 19 anos;
- a renda mensal per capita dos jurutienses, no ano 2000, era de 55,18 reais, e a renda média mensal domiciliar era de 323,90 reais;
- no mesmo ano (2000) contavam-se 25.294 católicos e 5.707 evangélicos no município, espalhados por 158 comunidades católicas e 74 evangélicas;




- ao contrário das promessas feitas antes da implantação, a Alcoa gerou para Juruti, em 2010, apenas 115 empregos diretos; 329 empregados vêm de outros municípios e estados do Brasil; um número maior de 689 pessoas está contratado, em sua maioria, por salários mínimos, através de terceirizações. Também em Juruti, a “Opção pelos pobres” tem muitos rostos.
       Na época da desapropriação do solo, pela Alcoa, o povo se organizou e ganhou lutas parciais através de royalties e mitigações, que não deixem de criar novos problemas nas comunidades. Por falar das comunidades: a paróquia investiu muito na formação e multiplicação de comunidades, em sua maioria sem Eucaristia, mas com um laicato bem preparado para o dia em que a Igreja Católica devolve a celebração eucarística às comunidades para o sustento de sua fé.
       Voltei animado pela vivacidade das comunidades de Juruti e o carinho do povo. Voltei grato pela perseverança das irmãs e dos padres. Também voltei preocupado, com a imensidão de jovens, com a violência e a droga, com o crescimento dos mais variados grupos evangélicos, com a urbanização e a favelização rápidas de uma cidade que teve pouco tempo para preparar-se a esses desafios. Voltei preocupado com a necessidade de padres e irmãs jovens que se comprometem por 10 ou 20 anos a acompanhar essas comunidades de esperança. 
Serão ministros despojados, sem trio elétrico, nesse “último lugar” com o nome de um pequeno pássaro (Juriti), aonde a Boa Nova chega na contramão fluvial.

Tirar a memória do calabouço

Comissão da Verdade emperra no Planalto

A presidente Dilma Rousseff tem encontrado sérias dificuldades para montar a Comissão da Verdade. Três meses depois de sancionar o projeto de lei que criou a comissão, as informações no Palácio do Planalto são de que nem os primeiros passos foram dados. Mais que isso: sobre o assunto foi imposta uma mordaça nos auxiliares da presidente.

A reportagem é de João Domingos e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 20-02-2012.

Procurada pelo Estado por dez dias seguidos, a Secretaria dos Direitos Humanos - que deveria tratar do assunto - não se manifestou. O máximo que os auxiliares da ministra Maria do Rosário disseram foi que ninguém estava autorizado a falar a respeito da Comissão da Verdade. E que a ministra não se manifestaria naquela hora, por achar que não era conveniente.

As raras menções à comissão não partem do Palácio do Planalto ou dos ministérios que deveriam cuidar do tema, mas de pessoas interessadas no tema. Uma delas é a deputada Luiza Erundina (PSB-SP). "O tempo está passando e ninguém diz nada a respeito da formação da comissão", disse a deputada.

Ela disse ter ouvido falar que alguns auxiliares de Dilma teriam procurado o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para saber se ele aceitaria coordenar a comissão. Também teriam chegado sondagens aos ex-ministros José Carlos Dias e José Gregori (ambos da Justiça, durante o governo de FHC) e ao diplomata e acadêmico Paulo Sérgio Pinheiro. No entanto, a informação não foi confirmada por pessoas ligadas aos três.

A demora para montar a Comissão da Verdade poderá levar o País a uma situação inusitada. É que a partir de março será criada a Subcomissão Verdade e Justiça, um desmembramento da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, cuja função será assessorar no Legislativo a Comissão da Verdade do Executivo. A subcomissão poderá fazer convites, tomar depoimentos, ouvir testemunhas sobre assuntos relativos ao que ocorreu no Brasil de 1946 a 1988. Assim, ela iniciaria seus trabalhos antes mesmo que o órgão a ser auxiliado viesse a existir.

Comemoração

Ao sancionar a lei que criou a Comissão da Verdade, no dia 18 de novembro de 2011, Dilma reuniu os três comandantes militares, senadores, deputados e ministros ligados à área dos direitos humanos. Lembrou que Argentina, Chile, Uruguai e África do Sul já criaram as suas comissões e já fizeram um reencontro entre o passado e o presente. Dilma chegou a dizer que aquele 18 de novembro entraria para a História. "É o dia em que comemoramos - e partir de agora iremos comemorar - a transparência e celebrar a verdade", disse. No mesmo dia, sancionou a Lei do Acesso à Informação. Considerou o momento tão importante que, segundo ela, deveria ser comparado à criação das leis trabalhistas, em 1943, e à promulgação da Constituição de 1988.

A presidente elogiou o Congresso por ter aprovado a lei: "A comissão significa, fundamentalmente, uma manifestação de respeito e um tributo aos que lutaram pela democracia no Brasil".

Quando for criada, a Comissão da Verdade será composta por sete integrantes. Como a aprovação da lei foi negociada com os setores que apoiaram a ditadura militar e os que a combateram, eles não poderão pertencer a nenhum dos lados; não poderão ter cargos de direção em partidos - à exceção dos de natureza honorária - e não poderão estar em cargo em comissão ou função de confiança em quaisquer esferas do poder público.

A comissão poderá apenas investigar. Não tem autorização para punir. Seu trabalho terá de ser concluído dois anos depois de constituída. O que for apurado será entregue ao Arquivo Nacional.




CF 2012: FRATERNIDADE E SAÚDE PÚBLICA



A Campanha da Fraternidade da CNBB sempre nos propõe um tema para estudo, reflexão e ação durante o tempo litúrgico da Quaresma. Trata-se, na verdade, de complementar a conversão pessoal, própria deste período, com uma conversão de caráter pastoral e sociopolítico. Nessa perspectiva, a campanha elege determinada situação de abandono ou precariedade como centro de nossa atenção. Neste ano de 2012, está em pauta a Fraternidade e a Saúde Pública, cujo lema sublinha uma frase bíblica: “que a saúde se difunda sobre a terra...” (Eclo, 38,8).
A CF/2012 põe o dedo numa das feridas sociais mais profundas deste país. É como se os pastores percorressem as longas filas do INSS, ouvissem os clamores de inúmeros doentes em busca de tratamento e sentissem suas “angústias e tristezas”, para usar a expressão do Concílio Ecumênico Vaticano II (Gaudium et Spes, nº 1). O Brasil é falho em termos de atendimento público, mas não em termos de leis relacionadas à saúde, como veremos adiante. Originalmente, “o sistema único de saúde brasileiro [SUS] tem uma concepção filosófica humanista-comunitária maravilhosa; é perfeita na teoria, mas na prática deixa muito a desejar, revelando-se um caos em termos de funcionamento” (Pe. Leo Pessini, in. Revista Vida Pastoral, nº 283, março-abril de 2012).
A declaração poderia estender-se a outras áreas sociais. Nas metáforas de Gilberto Freire, o Brasil sempre contou com uma dupla política, uma para a Casa Grande, outra para a Senzala: um sistema de educação para ricos, outro voltado aos pobres; um sistema de transporte para ricos, outro voltado aos pobres; um sistema de segurança para ricos, outro voltado aos pobres; um sistema de habitação para ricos, outro voltado aos pobres. Na pirâmide social, o andar de cima, histórica e estruturalmente, conta com um tratamento diferenciado. Para o andar de baixo, sobram os favores, as migalhas, tais como bolsa família, bolsa escola, minha casa minha gente, e assim por diante.
No caso da saúde, o contraste é mais estridente. Os gemidos que sobem das filas do INSS, dos corredores de postos de saúde e hospitais, além da falta de profissionais de saúde e das condições precárias oferecidas setores de baixa renda, tornam-se ensurdecedores diante dos privilégios reservados aos que podem arcar com os custos de um Plano de Saúde. Aliás, estes pagam três vezes: através dos impostos exorbitantes e da previdência social, como todos, acrescentando as prestações do dito plano. Mesmo assim, na hora da enfermidade, não está garantida uma coberta total.
E por falar em Planos de Saúde, vale salientar que todos eles em conjunto cobrem uma população de aproximadamente 40 milhões de pessoas, enquanto o SUS acaba sendo o “Plano de Saúde” de 150 milhões. Ou seja, numa população de 196 milhões, oito de cada dez brasileiros dependem do Sistema único de Saúde. Ainda em termos de comparação, uma consulta médica custa para o SUS cerca de R$ 7,00, ao passo que os diversos Planos de Saúde pagam ao redor de R4 80,00 por consulta. Evidente que os médicos migram em debandada para as unidades de saúde cobertas pelos planos. Concentram-se onde os ganhos são melhores!
Entretanto, não faltam normas para garantir o direito universal à saúde. Este consta, em primeiro lugar, da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948); depois, de acordo com a Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, artigo 196, “a saúde é direito de todos e dever do Estado”; por fim, a Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080/1990, que regulamenta o SUS, segundo citação do Pe. Leo, “garante os princípios do direito à saúde, do acesso universal e gratuito, da integração das ações preventivas com as curativas e da participação da comunidade (controle social) que se dá, de modo especial, por meio dos Conselhos de Saúde (criados pela Lei Federal nº 8.142/1990” (idem). A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, define a saúde não como ausência de doenças, e sim como o completo bem estar físico, mental e social. De um ponto de vista ainda mais amplo, poderíamos acrescentar a busca do equilíbrio psíquico e espiritual.
Entretanto, por melhor que sejam, as leis não bastam. O descompasso entre seu conteúdo e seu cumprimento chega a ser quilométrico, para não dizer infinito. Ocorre que, a exemplo de outros benefícios adquiridos, especialmente na área trabalhista e assistencial, o direito à saúde acaba reconvertendo-se em mercadoria. Mercadoria rara e cara, tanto em termos de acesso aos especialistas quanto na aquisição dos remédios necessários. Quem tem saúde deve pagá-la e que não tem deve comprá-la! A mercantilização da medicina constitui uma dos entraves mais sérios a uma saúde pública justa, abrangente e equitativa. A dor, a enfermidade e os medicamentos geram uma “indústria da doença”, altamente lucrativa e cobiçada.
Indústria que pode ser mãe de outra ainda mais indecente: a judicialização da saúde. De fato, para ter acesso aos direitos garantidos pelas leis supracitadas, não basta correr ao primeiro posto de saúde ou ao hospital mais próximo. Muitas vezes será necessário apelar para a justiça. E aqui os custos com a burocracia e os honorários de advogados, acrescidos às perdas dos dias não trabalhados, alimentam outro tipo de “indústria da doença”. Isso para não falar das fraudes, da corrupção, do tráfico de influência, da compra e venda de atestados medidos, e coisas desse gênero.
Nem precisaria concluir que o acesso aos meios de saúde e aos respectivos remédios torna-se bem mais difícil entre alguns segmentos da população. Entre eles, podemos citar os imigrantes sem documentos, os moradores de rua, os prisioneiros, os desempregados, as mulheres prostituídas, a população do campo... Mas a lista não é exaustiva. Nestes casos, vigoram muitas vezes a falta de conhecimento, as distâncias dos centros de saúde ou o simplesmente o medo de expor-se, como no caso dos estrangeiros “sem papéis”.
Uma verdadeira política pública de saúde, além de combater tais “indústrias”, deve concentrar seus esforços na melhoria do SUS – o “Plano de Saúde” dos pobres. Equipamentos de última geração; profissionais bem remunerados; atendimento humanitário; rede ampla e integrada, nas mais diversas especialidade; remédios ao alcance das famílias de baixa renda; descentralização da cidade para o campo, cobrindo todo território nacional... Eis alguns dos desafios!
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Para quem tem pouco tempo, tempo perdido significa morte prematura

Lefebvrianos: não ao acordo com o Vaticano


Árvore seca
"Somos obrigados a dizer 'não'. Não assinaremos". As frases de Dom Bernard Fellay, superior dos lefebvrianos, podem não ser a última palavra, no tira-teima com a Santa Sé. Mas, no mínimo, significam que as negociações acabaram em um beco sem saída.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 04-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto (IHU).
Passaram-se dois anos desde que Bento XVI retirou a excomunhão dos quatro bispos lefebvrianos como um "convite à reconciliação" com relação aos cismáticos. Por causa disso, o papa sofreu polêmicas e ataques, também porque se descobriu que um dos bispos era um antissemita que nega o Holocausto. A Santa Sé chegou até a oferecer aos lefebvrianos a possibilidade de se tornarem uma prelazia como o Opus Dei. Mas a Fraternidade, por seu lado, não concedeu nada, e as negociações se romperam no ponto onde haviam começado: na aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério posterior dos papas. E, particularmente, naqueles que Fellay, em uma homilia de sexta-feira, definiu como "pontos ambíguos" do Concílio, como o "ecumenismo" e a "liberdade religiosa" que os lefebvrianos sempre rejeitaram. 
Trata-se de questões muito delicadas: o documento conciliar Nostra Aetate – a reviravolta na relação com os judeus, não mais "deicidas" – é vinculante ou não? Fellay sempre acusou "os progressistas" de remarem contra.
Mas um sinal decisivo foi, no L'Osservatore Romano do dia 2 de dezembro, o artigo de Dom Fernando Ocáriz, que faz parte da delegação vaticana para as negociações e é o vigário-geral do Opus Dei: "A intenção pastoral do Concílio não significa que ele não seja doutrinal", escreveu. "Uma característica essencial do magistério é a sua continuidade e homogeneidade no tempo".
O Concílio, enfim, é vinculante e não é possível ir contra o magistério dos papas, incluindo os posteriores. E aqui está a questão: Fellay contesta e "critica" a "interpretação" que o Catecismo dá ao Concílio. E diz sarcasticamente que "eles", ou seja, o Vaticano, "atribuem outro significado ao termo 'tradição' e também, talvez, ao termo 'coerência'".

Brasil: de empresa internacionalizada à uma sociedade biocentrada

"O que se trata agora é refundar o Brasil, “construir, pela primeira vez, uma sociedade humana neste território imenso e belo, o que nunca ocorreu em toda a era moderna, desde que o Brasil foi fundado como empresa; fundar uma sociedade é o único objetivo capaz de salvar nosso povo”. Trata-se de passar do Brasil como Estado economicamente internacionalizado para o Brasil como sociedade biocentrada", escreve Leonardo Boff, teólogo e escritor, comentando o livro A Refundação do Brasil: rumo a uma sociedade biocentrada, de Luiz Gonzaga de Souza Lima (fonte: IHU, Newsletter 9.2.2012).

Eis o artigo.
Há interpretações clássicas sobre a formação da nação-Brasil. Mas esta do cientista político Luiz Gonzaga de Souza Lima é seguramente singular e adequada para entender o Brasil no atual processo mundial de globalização: A Refundação do Brasil: rumo a uma sociedade biocentrada (Rima, São Carlos 2011). Seu ponto de partida é o fato brutal da invasão e expropriação das terras brasileiras pelos “colonizadores” à base da escravidão e da superexploração da natureza. Não vieram para fundar aqui uma sociedade mas para montar uma grande empresa internacional privada, uma verdadeira agro-indústria, destinada a abastecer o mercado mundial. Ela  resultou da articulação entre reinos, igrejas e  grandes companhias privadas como a das Índias Ocidentais, Orientais, a Holandesa (de Mauricio de Nassau), com navegadores, mercadores, banqueiros, não esquecendo as vanguardas modernas, dotadas de novos sonhos, buscando  enriquecimento rápido.
Ocupada a terra, para cá foram trazidas matrizes (cana de açúcar e depois café), tecnologias modernas para a época, capitais e escravos africanos. Estes eram considerados “peças” a serem compradas no mercado e como carvão a ser consumido nos engenhos de açúcar. Com razão afirma Souza Lima: ”o resultado foi o surgimento de uma formação social original e desconhecida pela humanidade até aquele momento, criada unicamente para servir à economia; no Brasil  nasceu o que se pode chamar de ‘formação social empresarial”.
A modernidade no sentido da utilização da razão produtivista, da vontade de acumulação ilimitada e da exploração sistemática da natureza, da criação de vastas populações excluídas, nasceu no Brasil e na America Latina. O Brasil,  neste sentido, é novo e moderno desde suas origens.
A Europa só pôde fazer a sua revolução, chamada de modernidade, com seu direito e instituições democráticas, porque foi sustentada pela rapinagem brutal feita nas colônias. Com a independência política do Brasil, a formação social empresarial não mudou sua natureza. Todos os impulsos de desenvolvimento ocorridos, não conseguiram diluir o caráter dependente e associado que resulta da natureza empresarial de nossa conformação social. A tendência do capital mundial global ainda hoje é tentar transformar nosso eventual futuro em nosso conhecido passado. Ao Brasil cabe ser o grande fornecedor de commodities para o mercado mundial, com parco valor agregado.
A empresa Brasil é a categoria-chave, segundo Souza Lima, para se entender a formação histórica do Brasil e o lugar que lhe é assinalado no processo atual de globalização desigual. O desafio consiste em gestar um outro software social  que nos seja adequado, que nos desenhe um futuro diferente. A inspiração vem de algo bem nosso: a cultura brasileira. Ela foi elaborada pelos escravos e seus descendentes, pelos indígenas que restaram, pelos mamelucos, pelos filhos e filhas da pobreza e da mestiçagem. Gestaram algo singular, não desejado pelos donos do poder que sempre os desprezaram e nunca os reconheceram como sujeitos e filhos e filhas de Deus.

O que se trata agora é refundar o Brasil, “construir, pela primeira vez, uma sociedade humana neste território imenso e belo, o que  nunca ocorreu em toda a era moderna, desde que o Brasil foi fundado como empresa; fundar uma sociedade é o único objetivo capaz de salvar nosso povo”.Trata-se de passar do Brasil como Estado economicamente internacionalizado para o Brasil como sociedade biocentrada.
Enquanto sociedade humana biocentrada, o povo brasileiro deixará para trás a modernidade, apodrecida pela injustiça e pela ganância, e que está conduzindo a humanidade  a um abismo. Não obstante, a modernidade entre nós, bem ou mal, nos ajudou a forjar uma infra-estrutura material que pode permitir a construção de uma biocivilização que ama a vida em todas as suas formas, que convive pacificamente com as diferenças e com capacidade  de sintetizar os mais diferentes fatores.
É neste contexto que Souza Lima associa a refundação do Brasil às promessas de um mundo novo que deve suceder a este  agonizante, incapaz de projetar qualquer horizonte de esperança para a humanidade. O Brasil poderá ser um nicho gerador de novos sonhos e da possibilidade real de realizá-los em harmonia com a Mãe Terra e aberto a todos os povos.

Pastorais do Campo debatem desafios para os próximos anos

A força do campo

Mais de 40 lideranças, que atuam nas Pastorais do Campo: CPT (Comissão Pastoral da Terra), Cimi (Conselho Indigenista Missionário), PJR (Pastoral da Juventude Rural), Cáritas, Pastoral dos Migrantes e Pastoral dos Pescadores, estiveram reunidas no último final de semana, 4 e 5, na chácara Vicente Cañas, em Luziânia (GO).
 O encontro serviu para socializar os desafios enfrentados pelos povos e comunidades que vivem no campo, conhecer o trabalho específico de cada Pastoral que atua junto a esta população, em vista de uma melhor articulação, fortalecimento e formação.
Foram apresentadas a situação sofrida pelos pescadores artesanais com a invasão dos seus territórios pela indústria do turismo, a burocracia do Estado que exclui as populações tradicionais das políticas públicas.
O integrante da Comissão Episcopal Pastoral para o serviço da Caridade, Justiça e Paz, dom Enemésio Lazzaris, bispo de Balsas (MA), acompanhou o encontro, juntamente com o assessor da mesma Comissão, padre Nelito Dornelas.




Neste encontro foi discutida ainda a conjuntura eclesial, a partir do documento da CNBB, "A Igreja e a questão agrária no inicio do século XXI”, além de tratar das Diretrizes Gerais de Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), contando com assessoria do teólogo padre Paulo Suess e do sociólogo Sérgio Sauer, para a análise da realidade do campo brasileiro.
 Dentre os desafios, destacou-se a situação da juventude no campo. Dos 50 milhões de jovens brasileiros, oito milhões vivem no campo, dos quais quatro milhões estão no Nordeste, sendo que 2,5 milhões de jovens ganham até R$ 70,00 por mês, vivendo abaixo da linha de miséria. Tem também a problemática vivida pelos povos indígenas, com a invasão de suas terras pelos megaprojetos, expansão do agronegócio e do monocultivo e a morosidade na demarcação de suas terras, causando-lhes enormes sofrimentos, conflitos e violência, devido a omissão do Estado.
 "O encontro foi permeado por uma profunda espiritualidade e grande consciência eclesial, visto que estas pastorais dão visibilidade à presença da Igreja em sua dimensão missionária e profética junto às populações do campo”, disse o padre Nelito Dornelas.
 Após a reunião, ficou estabelecida linhas de ação: a luta pela reforma agrária e a defesa dos territórios dos indígenas e povos tradicionais (Construção do segundo Congresso camponês-2012); enfrentamento dos megaprojetos patrocinados pelo Estado (atuação permanente junto ao congresso e das populações atingidas) e articulação das Pastorais do Campo e os movimentos sociais (participação na construção e realização da 5ª Semana Social Brasileira).
 A notícia é da CNBB

No Vale do Javari: 4200 indígenas contaminados pela hepatite


A redução das populações indígenas da região do Vale do Javari causada pelos constantes casos de doenças como hepatite e malária vem revoltando há muitos anos as lideranças das etnias marubo, mayoruna, kulina, matis e kanamari. Apesar das denúncias enviadas a várias instâncias governamentais nacionais e internacionais, muitas delas até mesmo nas Organizações das Nações Unidas (ONU) nos últimos anos, as medidas não têm surtido efeito, segundo Jader Comapa, coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
“Estamos sendo aniquilados pela hepatite. O povo marubo, por exemplo, era formado por 20 mil pessoas há 40 anos. Há dez éramos mais de dois mil. Agora somos menos do que isso”, disse Comapa. [...] O dia 10 de maio próximo será marcado por manifestações, em Manaus, em defesa da vida dos povos do Vale do Javari. Essa é uma das expectativas das organizações indígenas promotoras da campanha “Povos Indígenas do Vale do Javari: Unidos Pela Saúde, Pela Vida”. A data foi escolhida como dia “D” da campanha para mobilizar todos os segmentos sociais em apoio à luta daqueles povos por políticas de saúde eficazes e eficientes contras as endemias que estão matando lentamente os Kanamari, Marubo, Kulina, Mayoruna (Matsés) e Matis.
A voz de Kurá Kanamari
Um relato comovente sobre a situação atual do vale do Javari foi feita por Kurá Kanamari durante a Assembleia Nacional do Conselho Indigenista Missionário – Cimi, em outubro de 2011, em Luziânia (GO):

“É uma vergonha a proposta de sequestro de carbono. É uma vergonha que o governo está fazendo com todos nós. [...] E a presidente Dilma pensa que vai enganar índios com a construção de algumas poucas casas. Mas a dívida do governo com a gente é outra - é a terra, respeitar essa terra que é viva, que é como nosso corpo. Nela tem água, nela tem sangue, tem olhos, orelha. É uma vergonha para o mundo e para o Brasil, a quantidade de mortes de crianças no Vale do Javari. Não é possível que, com tantos recursos, não se possa ainda ter um programa para reverter estas mortes. A Funasa, Sesai ninguém cuida direito do nosso povo, que está doente. São 4.200 índios que estão contaminados com o vírus da hepatite. Muitos morrem, a aldeia fica triste, e só nos enganam com promessas. O Vale do Javari é a região que concentra mais índio isolado do Brasil, os parentes estão ali na beira dos rios. A contaminação maior é do povo Mayoruna, Kanamari e Korubo. Se os Korubo têm relação com os isolados, quem irá tratá-los? Estão preocupados apenas com a proposta de sequestro de carbono? Estamos muito alegres com a volta do Cimi com mais gente para nos ajudar. Estamos lutando para viver melhor, com nossa cultura, falar nossa língua, comer o peixe pescado na hora, sentir o cheiro da floresta, isso é o Bem Viver. Não dá pra viver na beira da estrada porque nós somos a terra, e ela é a nossa mãe. [...] Somos perseguidos, mas não estamos abandonados, a floresta defende os seus filhos com água, com relâmpago, com temporal. Ninguém vive só! O Bem Viver é para todos os seres viventes, para todos.”

Campanha de solidariedade

Uma das atividades da campanha é a coleta de assinaturas em um abaixo-assinado que será entregue à Secretaria Especial de Saúde Indígena - Sesai, Ministério da Saúde, Ministério da Justiça e outros órgãos governamentais cobrando soluções concretas do Governo. Os interessados em apoiar os povos do Vale do Javari podem baixar do site do Cimi (www.cimi.org.br) o formulário para coletar assinaturas e enviar para o endereço que consta no próprio documento. “Nós queremos que as pessoas se manifestem em apoio a nossa atual situação porque precisamos de toda ajuda possível, porque nós estamos sendo aniquilados por doenças que nossos pajés não conseguem curar, como a hepatite e a malária”, diz Jáder Comapa, coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari – Univaja.
[fonte: Ir. Edina Pitarelli, Cimi Norte I (AM/RR) e site do Cimi]