Reservas humanas do cristianismo na sociedade secularizada: solidariedade, ritualidade e comunidade.



Última trecho do capítulo 6 da palestra proferida por Paulo Suess, no 3º Congresso Missionário Nacional, em Palmas-TO (dia 13 de julho 2012).

A “VIRADA POPULAR”

Um agnóstico, como Habermas, nos lembrou de três dons, que são ao mesmo tempo tarefas próprias do cristianismo para o mundo secular. O mundo civil e o estado secular (neutro em sua aceitação das religiões) não podem oferecer: solidariedade, ritualidade e comunidade. 
Observa-se hoje uma tendência, estimulada pelo mercado e pela concorrência laboral, que produz em muitos setores da sociedade uma dessolidarização. O cristianismo tem a possibilidade de criar uma consciência dessa solidariedade ferida, uma consciência para aquilo que falta, para a injustiça que grita para o céu. 
A condição humana exige ritos, ritos de acolhida, de passagem, de despedida que a sociedade secular não oferece. O missionário relaciona seus mistérios de fé não só com outras religiões, mas também com a ciência e sua produção do saber secular. Missão significa tradução, articulação e reconhecimento dos próprios limites. 
O cristianismo tem a vocação de aglutinar comunidades em redes universais, não em torno de casos isolados, mas em torno de uma causa comum: a vida da humanidade e das futuras gerações.
Talvez seja, hoje, uma das tarefas missionárias mais importantes convencer as próprias Igrejas como também os irmãos não crentes e pós-seculares que é preciso somar forças para “desafinar o coro dos contentes” (Torquato Neto) e desgovernar a nau dos adaptados. Muitos se contentam com o pouco que o gozo regressivo à fase oral e anal (Freud) via consumo e acumulação de maneira destrutiva oferece. No mundo secular cabe aos discípulos missionários puxar o freio de emergência do projeto acelerado e desgovernado em curso e propor outro projeto civilizatório que contemple a todos.


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