Escrito por Jaime C. Patias
A
sede das Pontifícias Obras Missionárias (POM), em Brasília (DF), acolheu nos
dias 30 e 31 de agosto, mais uma reunião da Equipe Executiva do Conselho
Missionário Nacional (COMINA). A pauta contemplou uma avaliação das principais
atividades coordenadas pelos organismos envolvidos da animação e reflexão
missionária.
Ao abrir a reunião, dom Sérgio Braschi, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB e do COMINA, citou o Documento de Aparecida: “A renovação das paróquias no início do terceiro milênio exige a reformulação de suas estruturas, para que seja um a rede de comunidades e grupos, capazes de se articular conseguindo que seus membros se sintam realmente discípulos e missionários de Jesus Cristo em comunhão” (172). Dom Sérgio justificou a escolha dessa citação ao anunciar o tema central da próxima Assembleia Geral da CNBB em 2013: “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”.
O
assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), padre Paulo Suess fez uma
reflexão sobre a relação entre o Estado secular e as religiões. “Até onde o
Estado pode intervir na religião?”, indagou o teólogo citando como exemplo a
recente decisão do Tribunal Regional de Colônia na Alemanha de considerar crime
de lesão corporal a circuncisão de menores. Ele se referia ao caso de um garoto
muçulmano de quatro anos de idade que em 2010, fora submetido à uma intervenção
cirúrgico-ritual de circuncisão. Diante da complexidade do tema padre Suess
questionou: “Onde se situa a circuncisão: entre o direito à integridade física
da criança e o dever dos pais de introduzi-la na cultura religiosa que lhe
confere identidade, pertença, passado e futuro?” Na opinião do teólogo, “tais
proibições não contribuiriam para salvar direitos individuais de crianças ou
adolescentes, mas seria o início do fim da identidade do respectivo povo”. Para
ele, “O Estado secular não só tolera as diferentes culturas e religiões. Ele as
reconhece como sujeitos coletivos de direitos humanos. Ele as necessita porque
o mundo religioso mantém viva a consciência daquilo, que ao Estado secular
falta: esperança além de um futuro calculável. As religiões renovam, em seus
ritos, a coesão social e a solidariedade com aquele que grita para o céu por
justiça e reconhecimento. As religiões inovam, a partir do imaginário de suas
origens, a esperança do bem viver possível para todos”, concluiu.
Avaliação
do 3º Congresso Missionário Nacional
O
evento realizado em Palmas (TO) no mês de julho reuniu mais de 600 pessoas e
foi avaliado positivamente. Padre Fábio Gleiser, da Arquidiocese de Palmas,
secretário executivo do Congresso relatou a avaliação da equipe local.
“Realizar um congresso desse porte em Palmas, diante das dificuldades, já foi
muito positivo. Houve um entrosamento entre as 12 equipes de trabalho e a
disponibilidades das 280 famílias na hospedagem dos participantes foi
louvável”, destacou padre Fábio.
A
maioria dos presentes achou que os problemas pontuais foram consideradas
normais para um evento de grande porte. Para o diretor Nacional das POM, padre
Camilo Pauleti, “o importante foi fazer uma reflexão sobre a missão da Igreja e
a necessidade de intensificar a participação do Brasil na missão universal”.
Jornada
Missionária da Juventude - Rio 2013
Por
ocasião da JMJ-Rio 2013, as Pontifícias Obras Missionárias de vários países do
mundo promoverão uma Semana Missionária em São Gonçalo (RJ), no mesmo período
em que se realiza a Semana Missionária em todas as dioceses do Brasil (dias 16
a 20 de julho 2013). Segundo padre Marcelo Gualberto Monteiro, secretário da
Obra da Propagação da Fé e Juventude Missionária, o objetivo é reunir jovens
que virão para a JMJ e desejam refletir sobre a Missão. No dia 23 de julho
acontecerá o Encontro Internacional da Juventude Missionária. Durante a JMJ as
POM terão sua sede Missionária na paróquia São Domingos em Niterói (RJ) e um
espaço na Expo católica do Rio.
Missão
na Amazônia e Povos Indígenas
Irmã
Irene Lopes dos Santos, assessora da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB
falou sobre o Encontro realizado em julho para marcar os 40 anos do Documento
de Santarém (PA). Relatou ainda, aspectos da viagem que fez a Macapá e ao
Oiapoque, na fronteira com a Guiana. “Passando pelas comunidades da região
percebe-se a realidade triste do tráfico de meninas para fins de exploração
sexual, a prostituição, o consumo elevado de bebidas alcoólicas e drogas,
inclusive em comunidades indígenas”, lamentou a religiosa. “Diante desses
desafios, acredito muito na Igreja missionária da Amazônia”, disse Irmã Irene.
O
representante do CIMI, Cleber Buzatto, informou sobre a situação dos Povos
Indígenas em diversas regiões do Brasil, de maneira particular com relação à
saúde e questões fundiárias. Explicou que Advocacia Geral da União (AGU)
publicou uma orientação (Portaria 203), na qual pede que os advogados da União
utilizem como parâmetro as atenuantes propostas no caso da Terra Indígena
Raposa Serra do Sol, em Roraima, para todas as Terras Indígenas no Brasil. “O
que mais preocupa é a questão fundiária e especificamente alguns instrumentos
que vem sendo usado nas diferentes instâncias do Estado (Congresso e Senado)
para atacar os direitos dos povos indígenas”, afirmou Buzatto.
Solidariedade
com o Haiti
A
Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) foi representada pela Irmã Antônia
Mendes. Sobre o Projeto de Solidariedade com o Haiti, realizado numa parceria
entre a CRB e a CNBB, com a ajuda da Cáritas brasileira, Irmã Antônia comunicou
o envio de mais uma religiosa. Trata-se da Irmã Goreth Ribeiro dos Santos,
missionária teresiana que em breve vai reforçar a equipe de seis religiosas
atuando pelo Projeto naquele país. O trabalho contempla ação evangelizadora,
humana e social. Irmã Antônia comunicou também a realização do “Fórum de
atuação profético-missionário”, promovido pelas CRB e marcado para os dias 06 a
09 de setembro, em Belo Horizonte (MG).
Sob
a coordenação da Irmã Dirce Gomes da Silva, assessora da Ação Missionária e
Cooperação Intereclesial da CNBB e Secretária Executiva do COMINA, a Equipe
tratou também de assuntos referentes à Missão Continental, cursos realizados no
Centro Cultural Missionário (CCM), Seminário “Juventude e Missão”, site
“Além-fronteiras” e publicação das memórias do 3º Congresso Missionário
Nacional.
O
COMINA é um organismo da Igreja católica no Brasil que tem como finalidade a
animação, a formação, a organização e a cooperação missionária além-fronteiras
das igrejas locais através de um serviço qualificado de assessoria, de
coordenação e de projeto. É formado pelos bispos responsáveis e assessores da
dimensão missionária da CNBB, pelo diretor e secretários das Pontifícias Obras
Missionárias (POM) e do Centro Cultural Missionário (CCM), presidente da Conferências
dos Religiosos do Brasil (CRB), do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e da
Pastoral dos Brasileiros no Exterior (PBE), coordenadores dos Conselhos
Missionários Regionais (COMIREs) e pelos representantes de institutos,
organismos e imprensa missionária.
Sáb, 01 de Setembro de 2012
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