Resonância da palavra de Ñanderu - Teologia Índia




O tema central do VIIIo Encontro Continental de Teologia Índia, realizado em Panajachel/Guatemala, entre os dias 28 a 30 de setembro de 2017, foi “A palavra de Deus na Palavra dos povos indígenas”. Um dos objetivos da Teologia India é a descolonização da vida dos povos indígenas e de setores eclesiais ainda não familiarizados com a proposta do Vaticano II. e do Papa Francisco nem com pressupostos básicos da modernidade como participação democrática, reciprocidade do ouvir e falar e reconhecimento da alteridade. Procuramos ouvir a Palavra de Deus e captar a sua ressonância não só em nossos livros sagrados, mas também nos livros sagrados, nas revelações e nos ritos sacramentais de todos os povos. Não se trata de ouvir “a mesma coisa” nas culturas dos outros, mas de ouvir o mesmo Deus em seus projetos diferentes de vida. A nossa fé não é autossuficiente. Para se manter viva, ela precisa se fecundar através de múltiplas escutas da palavra de Deus sempre culturalmente situada. O intercâmbio entre ouvir e falar, em registros diferentes mas através de raizes e horizontes semelhantes, aponta para o futuro comum de esperança através de diferentes modos de ser e numa sociedade na qual o bem viver de uma classe social depende da negação das condições de vida da outra. Nas lutas pelo bem viver de todos temos um longo caminho pela frente.

1. A palavra de Deus na palavra dos povos guarani

A cultura guarani está construída sobre três colunas, sobre a reza, o canto e a dança. O teto que protege e une esses pilares para configurar um abrigo, uma casa-território, um espaço de identidade, é a palavra. Essa palavra atravessou os três tempos e mundos de que a memória guarani nos fala:

- O tempo antigo com seu mundo mítico, som sua metafísica e escatologia, que era o tempo da generosidade e reciprocidade. A palavra exemplar se manifesta no mito, considerado a experiência autêntica e originária da realidade. O mito aparece em rezas, hinos e relatos, transmitidos por líderes religiosos. A palavra é substância simultânea do divino e do humano. Os guarani só podem viver segundo a sua substância-palavra.

A criação da palavra e dos pais e mães da humanidade antecedeu a criação da primeira terra. No mito dos Mbyá, “criou nosso Pai o fundamento da linguagem humana e a tornou parte de sua própria divindade, antes de existir a terra (…) tendo refletido, profundamente, da sabedoria contida na sua própria divindade, e, em virtude da sua sabedoria criadora, criou aqueles que seriam companheiros e companheiras de sua divindade (cf. Cadogan, 1959, p. 19.21).
- O tempo antigo representa uma crítica radical à sociedade real do segundo tempo, marcado pela conquista, pela escravidão, pelas Reduções, pela industrialização e urbanização, por matanças, e pela expulsão de seus territórios, até hoje.

- A metafísica guarani é política. Ela sustenta a esperança de um terceiro tempo no qual um outro mundo é possível, às margens ou depois do capitalismo neoliberal. A interpretação da história pelos guarani “não é apolítica, pois seus mitos emprestam imagens, linguagem e sentido às bandeiras de luta política. Valha como exemplo o poder mobilizador das assembleias politico-religiosas, Aty Guasu, nas últimas décadas” (Chamorro, 2015, Introdução).

Palavra, na cultura guarani, pode significar voz, fala, linguagem, alma, nome, vida, pajelança, cura, poesia, canto, nome, origem, personalidade, identidade e projeto. A palavra, “quando signo, ela se destina à comunicação; quando valor, é um fim em si mesma. Nela se originam todos os sinais (cf. H. Clastres, 1978, p. 88s). Ela é palavra-verbo, mais do que palavra-substantivo. De uma ou outra maneira, essa palavra é sempre ritualizada: na reza, no canto e na dança, na pajelânça, na memória, nas referências históricas. “A história de um guarani é a história de suas palavras” (Meliá, 31.05.2010, Entrevista, Unisinos). Para o guarani, a palavra é tudo e tudo para ele é palavra, nos diz Bartomeu Melià (cf. 1989, p. 306). A palavra é a afirmação da vida. No mundo de hoje a palavra sofre um desgaste pelo excesso de uso em sua função comunicativa. Os guarani são mais preocupados em celebrar a linguagem do que em servir-se dela. Souberam manter com ela essa relação interior que é já em si mesma aliança com o sagrado (cf. P. Clastres, 1990), um canto geral que desperta o sonho do outro mundo possível. A palavra-linguagem guarani reune as pessoas e rompe os laços que os prendem a tudo aquilo que não é divino. A palavra guarani constitui realidade (speech act). A fala não só comunica, mas cria, como a palavra dabar, no Antigo Testamento.
Entre os guarani não há donos da palavra, nem palavras domesticadas por um dogma. Há sábios que não escreveram, mas que com sua palavra criaram poesias e profecias para nosso mundo. Estes sábios, que poderíamos chamar de `teólogos´, elaboraram um discurso aberto com a possibilidade de muitos discursos que garantem um espaço de liberdade, que os guarani prezam acima de tudo. Essa não-dogmatização da palavra, essa abertura em múltiplas direções permitiu aos guarani criar um espaço ideológico aberto para incorporar sem dificuldade elementos de outros sistemas religiosos, sejam eles objetos sagrados (cruz) ou personagens (Noé, Jesus Cristo), gestos rituais e escatologias. Mas essas incorporações não produziram um sincretismo ou relativismo religioso do “vale tudo”. O significado dado a essas incorporações tem sua raiz no sistema (na cultura) guarani. Prevalece sempre a semântica guarani na liberdade carismática de um povo místico. Depois de muitos anos de convivência com grupos guarani, o jesuíta Melià chegou a conclusão: os guarani nunca foram convertidos. E nós podemos acrescentar: A conversão do outro não é o objetivo da pastoral indígena. O objetivo da pastoral indígena é a presença, o encontro, a solidariedade, o caminhar juntos na diferença e o intercâmbio, a perspectiva do bem viver e o diálogo com as razões da nossa esperança.
A metafísica guarani, dissemos, orienta a política guarani. Uma senhora guarani, muito idosa, foi perguntada: “Porque vocês insistem agora nas retomadas de suas terras, num contexto, estratégicamente, tão desfavorável”? Ela respondeu: “Ñanderu mandou dizer: está na hora”. Quando no Congresso de Brasília são tratadas questões que atingem os indígenas no Brasil, sempre se encontra um grupo para realizar suas danças, rezas, cânticos, às vezes com um sucesso espetacular, como aquela vez quando apagou a luz no Congresso (um fato inédito porque também os motores de reserva não podiam ser mais acionados) e os deputados não conseguiram mais tratar a questão da PEC 215 (“marco temporal”) naquele ano.

Essa influência da metafísica (da religião) guarani na política se deve a não-separação entre mundo transcendente e a realidade histórica palpável. A diferença entre mortais e imortais é quase nula. Pela filosofia grega e, mais tarde, pela modernidade, entrou no cristianismo uma certa dicotomia entre esses dois mundos, entre o mundo espiritual e o mundo material. “Se os guarani se manifestam hoje como místicos e teólogos, não é devido a influências cristãs. O pensamento guarani é irredutível por tratar-se de uma imanência profunda do divino no humano” (Viveiros de Castro, Nimuendajú 1987, XXXIII). As missões foram lugar de redução linguística, de empobrecimento da linguagem religiosa, mas não conseguiram atingir o âmago do ser guarani.
“Palavra” na cultura guarani, pode significar “alma”. Na tradição guarani, a pessoa não tem alma, ela é alma. Ela é palavra-alma. A alma “designa o indivíduo integralmente. Alma é o próprio `eu´” (Chamorro, 1998, p. 48). Alma significa “identidade”. E essa alma tem nome próprio que é revelado no batismo da criança. O xamã revela esse nome, que lhe foi indicado no sonho, marcando assim a recepção oficial da nova palavra na comunidade. Cada pessoa é uma encarnação da palavra.
Na crise, a palavra-nome, a palavra-alma, sofre uma dissociação ou fragmentação que causa doença. Ao trazer a palavra de volta significa cura. A palavra mantem o guarani em pé. “É a verticalidade assegurada pela palavra que diferencia o ser humano vivo dos outros seres e dos humanos mortos, doentes ou sem nome” (Chamorro, ibid. p. 49). A palavra humaniza. Quando a palavra não tem mais lugar na pessoa, ela morre. Os que restauram a palavra são procurados para salvar um moribundo da morte.
Nossa sociedade de hoje, focada no lucro e na política corrompida pelas máximas do grande capital, para a palavra e a alma guarani tem cada vez menos lugar. A palavra hegemônica é dada àqueles que defendem a expansão da soja, da cana de açúcar, do pasto do gado, do plantio de eucalipto, das hidreléctricas, das promessas falaciosas da economia verde e sustentável.
         A serenidade é uma das virtudes mais desejadas pelos líderes espirituais guarani. Como ser um bom agrigultor, sem terra? Para quem contar a história e a sabedoria dos tempos primordiais numa sociedade na qual essa história e essa sabedoria são castigadas com fome e penúria? No exato momento em que formulei essas perguntas, recebi um e-mail de Genebra: O Eliseu, o lider guarani-kaiowa do Mato Grosso do Sul está falando na ONU, denunciando a política brasileira do estrangulamento dos povos indígenas. Ainda existem lugares, onde a voz profética dos guarani é escutada.


2. Caminhar na esperança

As lutas dos povos indígenas por terra e qualidade de vida apontam para as exigências da justiça e para a dinâmica da esperança. Ciclicamente, rompem o círculo de giz da normalidade do absurdo. As retomadas de terra são saídas das molduras dentro das quais os governos colocaram os povos indígenas na parede para comemorarem seu passado e negarem seu futuro. O pulo das molduras do imaginário oficial para a realidade histórica caracteriza a passagem da tutela à autodeterminação. E essas lutas não são lutas isoladas. É a luta dos pobres por comida, dos refugiados por um espaço de paz, dos operários por trabalho, dos excluídos por participação, dos povos indígenas por terra para viver. A partir da humanidade crucificada, emerge um Terceiro Sujeito (depois da “burguesia” e da “classe operária”) que permite novamente falar de utopias, esperança, transformação estrutural e projeto alternativo.
A humanidade crucificada sustenta o sonho da igualdade na diferença, da gratuidade e da partilha, da sociedade sem classes, sem castas e sem discriminações de gênero e etnias. Ao mesmo tempo que ela avança na marcha para a igualdade e paz, ela suspende a marcha do “homem econômico” que procura fechar as últimas fendas do seu calabouço de necessidades, construindo – a partir de seu projeto lucrativo - a sua prisão perpétua.
A humanidade crucificada que “vem da grande aflição” (Apc 7,14), articula o “princípio da realidade” com o “princípio esperança”. Para os cristãos, esse “princípio esperança” está ancorado na libertação definitiva e universal, prefigurada na ressurreição de Jesus. Desde a justiça da ressurreição que rasgou a sentença dos injustiçados, sabemos que a utopia da “vida eterna” é inseparável da compaixão vulnerável de Deus para com a humanidade crucificada. Em Jesus Cristo, o trono de Deus se tornou cruz (Ro 3,25) e Sua glória, a vida dos povos indígenas junto com toda a humanidade.
Paulo Suess
[Elementos da palestra apresentada no dia 28.09.2016 durante o VIII Encontro Continental de Teologia Índia, Guatemala, organizado pela Articulación Ecuménica Latinoamericana da Pastoral Indigena (Aelapi).]


Referências bibliográficas
Cadogan, León. Ayvu rapyta (O fundamento do dizer: textos míticos de los Mbyá-Guaraní del Guairá. Boletim. São Paulo, USP, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (227): 1-227, 1959.
Chamorro, Graciela. A espiritualidade guarani: Uma Teologia Ameríndia da Palavra. São Leopoldo, Instituto Ecumênico de Pós-Graduação/Editora Sinodal, 1998.
Chamorro, Graciela. História Kaiowa. Das origens aos desafios contemporâneos. São Paulo, Nhanduti, 2015.
Clastres, Hélène. Terra sem mal. São Paulo, Brasiliense, 1978.
Clastres, Pierre. A fala sagrada: mitos e cantos sagrados dos índios guarani. Campinas, Papirus, 1990.
Melià, Bartomeu. A experiência religiosa guarani, in: Marzal, Manuel et al., O rosto índio de Deus. Petrópolis (RJ), Vozes, 1989, p. 293-357.
Melià, Bartomeu. A história de um guarani é a história de suas palavras. Entrevista, in: Revista do Instituto Humanitas Unisinos (IHU), São Leopoldo (RS), n. 331, 31.05.2010.
Suess, Paulo. Por uma “Terra sem mal”. Mito guarani e projeto de sororidade. In: Encontros Telógicos. Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc), Ano 16/2, n. 31, 2001, p. 133-148. Uma versão mais ampla in: Revista Eclesiástica Brasileira (REB), fasc. 244 (dezembro 2001), p. 854-876.
Suess, Paulo. Povos da madrugada em busca de alternativas. In: Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Outros 500: Construindo uma nova história. São Paulo, Salesiana, 2001, p. 192-199.
Suess, Paulo. Romper o mal-estar na missão. Os povos indígenas e a Igreja pós-conciliar. Perspectiva Teológica, XXXIV/92 (Jan./Abr. 2002), p. 11-36. Também in: A esperança dos pobres vive. Coletânea em homenagem aos 80 anos de José Comblin. São Paulo, Paulina, 2003, p. 609-631.
Viveiros de Castro, Eduardo Batalha. In: Nimuendajú, Kurt Unkel, As lendas da criação e destruição do mundo como fundamento da religião dos Apapocúva;Guarani, São Paulo, EDUSP/Hucitec, 1987, p. XXXIII.




VIII Encuentro Continental de Teología India [Panajachel, Guatemala, 26-30.09.2016]


“Se encontraron y juntaron sus palabras y sus pensamientos” (Popol Wuj)
“Y la Palabra se hizo carne y puso su tienda entre nosotros” (Juan 1:14)



Mensaje final


A nuestras hermanas y hermanos de los pueblos originarios del mundo - A nuestras hermanas y hermanos unidos por la fe en Jesucristo - A todas nuestras hermanas y hermanos que sueñan y luchan por un mundo donde todos quepamos con dignidad y justicia

Amanece nuestro encuentro en un día, Jun Tz’ikin, cuando se teje la Palabra, y los pájaros anuncian la llegada de los hermanos del Cono Sur, la Amazonía, los Andes, el Caribe, Mesoamérica, los hermanos del Consejo Latinoamericano de Iglesias y solidarios de Europa. Con el olor de la albahaca, el pom, el mate y el cacao; con el sonido del tum, el caracol, el kultrun, la marimba y las maracas; en medio de las ofrendas de nuestros pueblos se va formando el altar. Nos reunimos, del 26 al 30 de septiembre de este año, en el lugar que nuestros hermanos mayas llaman Uk’u’x kaj-Uk’u’x ulew (Corazón del cielo-Corazón de la tierra). La lluvia, el sol y el frío nos arroparon al igual que la brisa del lago de Atitlán, que simboliza el paso del sufrimiento y el dolor del pueblo maya a su refundación y de todos nuestros pueblos.

Fuimos convocados por el Gran Espíritu y hemos respondido desde las cuatro esquinas de Abya Yala. Trajimos nuestra palabra y la palabra de nuestras abuelas y abuelos. Presentamos nuestras flores, espinas y frutos, lo que vimos y sentimos, lo que oramos, proclamamos y denunciamos:

Amaneció el primer día, Kieb’ Ajmaq. Recordamos cómo expresaban, cómo analizaban nuestros abuelos la realidad, qué rescatamos de sus prácticas. “El dolor de tu hermano es mi dolor. Nuestra lucha es de hermandad, de igualdad”, relata una hermana guna sobre la palabra sagrada de Ibeler. También analizamos nuestra realidad de hoy con el canto, la danza, los ritos, los idiomas; con el teatro, la oración, bendiciones y escritos, con todo ello fuimos exponiendo nuestro análisis y denuncias de hoy: asesinatos, impunidad, amenazas por todas partes a nuestros territorios, mega proyectos hidroeléctricos y mineros devastadores, leyes contra la vida, gobiernos serviles del neoliberalismo, destrucción de la madre naturaleza con agronegocios, venenos y transgénicos, criminalización de líderes y luchas sociales. Pero también, resistencia de mujeres y ancianos, revitalización de ritos que consolida la identidad, el servicio de hermanos que fortalece a muchos.

Y amaneció el día segundo, Oxib’ No’j: bebimos de la sabiduría de nuestras grandes sabias y sabios, que hoy nos ayudan para encontrar los caminos de Dios. ¿Qué símbolos, qué signos, qué formas, qué palabras, qué luces traemos desde nuestros pueblos para iluminar la oscuridad de las sociedades en que vivimos? Esa fue nuestra tarea.

Enriquecidos con la fuerza espiritual originaria, que nos abrió el corazón y nos reafirmó que Dios camina con nosotros, hablamos de nuestras luchas por la armonía de la vida, del compartirnos en especial con los pobres y enfermos, de la comunidad organizada con actitud de servicio, de la solidaridad con los migrantes, de la unidad en la diversidad. Son valores contrarios a la sociedad neoliberal y que nos ayudan a todos –indígenas y no indígenas- a superar las terribles y sistemáticas amenazas que matan y destruyen nuestros pueblos y a la Madre Tierra. Nuestro trabajo comunitario se inspira en la palabra sagrada sobre la organización de las hormigas-arrieras. Debemos ser valientes colibríes para enfrentar a los grandes enemigos. Los sueños, la danza, los cantos nos dan fuerza para llegar al fondo de estas verdades.

Aclareció el día tercero, Kiejeb Tijax: Vimos y sentimos, recordamos y reconocemos cómo nuestros pueblos asumieron compromisos para vencer el mal y vivir los ideales de sus culturas. También qué compromisos hace falta asumir –o continuar asumiendo- hoy para no permitir que destruyan nuestra tierra; cómo transformar esa realidad de muerte en que vivimos, cómo caminar hacia la construcción de nuestra tierra sin mal.

Son innumerables los retos y compromisos que tenemos hacia adelante. Gracias a nuestro Dios, Madre-Padre, son muchas las cosas que ya estamos haciendo. Creemos que hay algunos compromisos imprescindibles que hoy reafirmamos:

Como pueblos originarios:
1.  Seguiremos profundizando en la sabiduría ancestral (cantos, danzas, rituales, la palabra sagrada de nuestros abuelos) y compartirla con nuestros jóvenes y niños.
2. Fortaleceremos el valor y la participación de la mujer buscando la de justicia género en nuestras comunidades.
3. Mantendremos el diálogo comunitario para mejorarnos y unirnos más. Huir de la división como de la peste.
4. Entregaremos nuestras flores a los pastores de nuestras iglesias.

Como hermanos no indígenas:
1.  Seguiremos acompañando, asumiendo como nuestra, la suerte de los pueblos originarios.
2.  Presionaremos a los gobiernos para que reconozcan, respeten y garanticen los territorios y los derechos de los pueblos indígenas.
3. Denunciaremos ante los organismos internacionales las violaciones, criminalizaciones y violencias a la vida y dignidad de los pueblos indígenas y de los pueblos en aislamiento voluntario.

Todos juntos, como hermanos:
1.  Construiremos alianzas y redes, con respeto y tolerancia, para lograr la vida plena para todos.
2. Denunciaremos las amenazas del sistema perverso en que sobrevivimos (por ejemplo, la desaparición de los 43 jóvenes de Ayotzinapa y el genocidio del pueblo guaraní-kaiowa).
3.  Trabajaremos profundamente en la reconstrucción de nuestra casa común, defendiendo los territorios de los pueblos.
4. Haremos procesos serios de diálogo interreligioso que nos hermanen y nos enriquezcan.
5. Trabajaremos por descolonizarnos todos como iglesias y sociedad.

En la esperanza y resistencia de los pueblos, tejeremos con estos y otros bejucos e hilos, el petate y el bordado del futuro de la humanidad, según la Palabra de Dios que nos ha sido entregada. Que el Corazón del cielo-Corazón de la tierra nos dé la fuerza para seguir peregrinando juntos hacia la plenitud de vida.

Delegação brasileira

¡Mientras luchamos, soñamos, danzamos y cantamos, contribuimos a la llegada de los cielos nuevos y la tierra nueva!
Panajachel, Joob’ Kawok, Oxlajuj B’aktun, Maj Katun, Oxib Tun, Kajlajuj Winal, B’elej’lajuj Kin, Kieb’ yax (año 5,132 del calendario largo maya)

30 de septiembre de 2016.